segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sinvastatina x Rabdomiólise

     As estatinas têm ação hipolipemiante que se mostrou eficaz na prevenção primária e secundária de cardiopatia isquêmica. Vários desses fármacos mostraram reduzir a incidência de mortalidade total e cardiovascular, infarto do miocárdio fatal e não fatal, necessidade de cirurgia e procedimentos de revascularização coronariana e acidente vascular cerebral.
     A sinvastatina tem relação de custo-efetividade superior às demais estatinas nas hiperlipidemias e na profilaxia secundária da doença coronariana. 
     O principal efeito adverso de importância clínica associado ao uso de estatinas é a miopatia. Entre 1987 e 2001, o FDA registrou 42 mortes decorrentes de rabdomiólise induzida por estatinas. A rabdomiólise é definida como uma síndrome clínico-laboratorial que decorre da lise das células musculares esqueléticas, com a liberação de substâncias intracelulares para a circulação. A severidade dos casos varia desde elevações enzimáticas leves sem mialgia, até casos severos de insuficiência renal aguda e óbito. Os sintomas progridem enquanto o paciente continua tomando a estatina.  Nos pacientes acometidos, os níveis séricos de creatinofosfoquinase (CPK) são tipicamente dez vezes mais altos que o limite superior da normalidade.
     Tão logo haja suspeita de miopatia deve-se obter uma amostra de sangue para dosagem de CPK. A estatina deve ser interrompida se houver suspeita de miopatia mesmo se não for possível determinar a atividade da CPK. A rabdomiólise deve ser excluída, e a função renal monitorada.
     A incidência de miopatia é muito baixa, porém o risco de miopatia e rabdomiólise aumentam proporcionalmente com as concentrações plasmáticas de estatinas. Portanto, os fatores que inibem o catabolismo das estatinas estão associados a um aumento do risco de miopatia, incluindo idade avançada, disfunção hepática ou renal, períodos perioperatórios, doença multissistêmica (particularmente em associação a diabete melito), pequeno tamanho corporal e hipotireoidismo sem tratamento. O uso concomitante de fármacos que diminuem o catabolismo das estatinas está associado a miopatia e rabdomiólise em 50% a 60% dos casos. As interações mais comuns das estatinas ocorreram com fibratos, particularmente genfibrozila, ciclosporina, digoxina, varfarina, antibióticos macrolídios e antifúngicos azólicos. Outros fármacos que aumentam o risco de miopatia induzida por estatinas são a niacina, inibidores da protease do HIV, amiodarona, verapamil, diltiazem, clorzoxazona,  tacrolimus, ácido fusídico, e outros. Pode ocorrer interação com alimento, suco de grapefruit (pomelo ou toranja) aumenta o risco de miopatia ou rabdomiólise. Por outro lado, fármacos indutores do citocromo P450 como rifampicina, erva de São João, fenitoína, barbitúricos, bosentan, pioglitazona podem reduzir as concentrações plasmáticas dos inibidores da redutase.
Etiologia da Rabdomiólise - Rosa, N G et al.


Referências
Centro de Informações sobre Medicamentos - Técnica de Assistência Farmacêutica - CODEPPS (Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde. Uso racional de sinvastatina. São Paulo-SP.Disponível em: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/saude/ass_farmaceutica/0004/sinvastatina_08_04.pdf

Gama M P R, Pellegrinello S, Alonso S S Q, Coelho J F, Martins C F, Biagini G L K. Rabdomiólise devido ao uso de estatina em altas doses: Relato de caso. Arq Brás Endocrinol Metab 2005 ago; 49(4): 604-609. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/abem/v49n4/a21v49n4.pdf

Rosa, N G et al. Rabdomiolise. Acta Méd Port 2005; 18: 271-282. Disponível em: http://www.actamedicaportuguesa.com/pdf/2005-18/4/271-282.pdf

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