sábado, 30 de abril de 2011

Bomba de Infusão de Insulina


           A hiperglicemia é uma reação natural do organismo ao estresse metabólico, em decorrência das alterações hormonais. Os cuidados ao paciente crítico aumentam a resposta hiperglicêmica com o uso de corticosteróides, agentes adrenérgicos e suporte nutricional rico em glicose. Além disso, a hiperglicemia associa-se mais frequentemente a complicações neurológicas, infecciosas e á disfunção mitocondrial, o que parece ser um fator importante da disfunção de múltiplos órgãos e sistemas.
          Há situações clínicas em que há dificuldade para controlar os níveis glicêmicos e que não permitem a administração pela via SC e IM, sendo necessária a infusão intravenosa (IV), como, por exemplo, nos casos de pancreatite hemorrágica aguda, cetoacidose diabética, tratamento da hipercalemia (insulina para recaptação de potássio para dentro da célula a fim de reduzir os níveis séricos deste elemento) , intra-operatório do paciente diabético, cirurgia cardíaca, grandes queimados, nutrição parenteral e terapia nos recém-nascidos com baixo peso.
          Nos últimos anos, o controle glicêmico intensivo obtido pela infusão venosa contínua de insulina passou a ocupar lugar de destaque no manejo dos pacientes críticos. A premissa  é de que a manutenção da normoglicemia está associada a menores taxas de infecções e de falências orgânicas e, consequentemente, a menor mortalidade.
          A insulinoterapia é dada por via intravenosa em Bomba de infusão contínua, diluindo-se, normalmente, 100UI de insulina regular em 100mL de solução fisiológica (SF) 0,9%, pois a insulina regular é a insulina que pode ser administrada por via intravenosa. Esta solução tem estabilidade de 24h, quando técnicas adequadas para evitar adsorção da solução no equipo e no frasco de SF0,9% são utilizadas. A principal estratégia utilizada para minimizar a adsorção da insulina e que é viável na prática clínica foi a realização da pré-exposição do equipo, por um período de 30-60 minutos, com lavagem do equipo com 50-100 ml da solução de insulina. O preparo das soluções em frascos de superfície interna pequena e equipos curtos e sem filtros, também, podem ajudar a minimizar o evento da adsorção, que é um processo em que ocorre fixação de uma substância (o adsorvato - insulina) na superfície de outra substância (o adsorvente - equipo, seringa, frasco do soro), ou a utilização de equipos que possuam sua parede interna constituída a base de PE (polietileno), PU (poliuretano), ou PP (polipropileno), que são resinas poliolefínicas, normalmente inertes quimicamente a ação de drogas, opção nem sempre disponível no hospital, pois este tipo de equipo é mais caro que o equipo de PVC.(insulina intravenosa - adsorção).
          Em virtude dessa adsorção, a quantidade real de insulina a ser administrada pode ser consideravelmente menor do que a quantidade aparente. Por esta razão, o ajuste da velocidade do gotejamento deve ser baseado no efeito e não na dose aparente.
          Efeito adverso mais comum: hipoglicemia.
          As necessidades de insulina são diminuídas quando o paciente apresenta alteração no clearance desse fármaco. É necessária monitorização rigorosa da glicemia e do ajuste da terapia em comprometimento renal.
          Clearance de Creatinina 10-50mL/min: administrar 75% da dose normal.
          Clearance de Creatinina < 10mL/min: administrar 25 a 50% da dose normal e monitorar os níveis de glicose atentamente.
          A insulina não é removida significativamente por hemodiálise ou diálise peritoneal. Não é necessária suplementação da dose. 
          Este medicamento está na lista dos medicamentos potencialmente perigosos, ou seja, que apresentam maior risco de causar danos ao paciente quando utilizado de maneira incorreta. É necessária supervisão apropriada e identificação da insulina a ser administrada.

Qualquer dúvida entre em contato com o serviço de Farmácia.

Referências

Almeida,Lima S;Andreoli,RLF;Grossi,SAA;Secoli, SR. Insulina intravenosa: controvérsias sobre o processo de adsorção nos dispositivos de infusão. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2008 jun;29(2):292-300

Lazzari,CM;Volkart,T. Eficiência da solução de insulina: comparação entre diferentes tempos de manutenção da solução. Rev Bras Ter Intensiva. 2010; 22(4):358-362. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v22n4/08.pdf  Acesso em: 29 abr. 2011.


Lacy, C. F. Drug Information HandBook. 17ª ed. Lexi-Comp, Hudson: Ohio, 2008-2009.

Marino, P. L. Compêndio de UTI. tradução: Ane Rose Bolner, Jussara N.T. Burnier. - 3.ed. - Porto Alegre: Artmed, 2008.

Oliveira, R. et al. Manual da residência de medicina intensiva. - 2.ed. - Barueri, SP: Manole, 2011.

         

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